Rodrigo Faustini

"Não venda seus sonhos por pequenos desejos"
  Rush, Subdivisions

English version  
website pessoal
LOGIN
ID: 
Senha: 
  Entrar
 
  Aviso
Todos os links e miniaturas de fotos desta página, quando clicados, abrirão novas janelas do tipo "pop-up". Se você clicá-los e nada acontecer, verifique se o recurso Javascript de seu navegador encontra-se habilitado ou se nenhum recurso que desabilita pop-ups encontra-se ativado. Uma resolução de vídeo de 800x600 (ou superior) é requerida para que você possa visualizar este website e suas fotos de forma apropriada.
 


Foi um mês inteiro passado no país de "Tio Sam", que cruzei da Louisiana à California, de carro. Em resumo, meu itinerário referencial foi (partindo do Rio de Janeiro): New York, Texas (Austin, Houston), Louisiana (New Orleans, para ouvir todo aquele jazz), Oklahoma, Texas novamente (Dallas, Amarillo), New Mexico (Tucumcari, Albuquerque, Gallup, Arizona (Grand Canyon, Parques Nacionais da Floresta Petrificada e do Deserto Pintado, Holbrook, Cratera do Meteoro, Flagstaff, Sedona, Willians, Winslow, Kingman, Oatman), Nevada (represa de Hoover Dam, Las Vegas) e California (Huntington Beach, Hollywood, Los Angeles, Santa Monica, Beverly Hills, Malibu beach, Rodeo Drive, Disneylândia - sim, você leu direito - etc.).

Mapa dos EUA (minha viagem)
Rota 66...



Não por coincidência, todo esse itinerário foi precisamente planejado de forma que eu pudesse passar pela velha e lendária estrada "Rota 66" - e dirigi bastante por ela onde quer que ela ainda existia... Route 66 A Rota 66 (também conhecida como "a rua principal da América" ou "a estrada mãe") é composta por duas pistas (como a nossa BR-101). Inaugurada em 1926, foi a primeira rodovia a ligar Chicago (Ohio) à Los Angeles (California) e foi criada face à demanda de uma América que crescia muito rapidamente, tendo sido portanto a única estrada a ligar completamente o leste ao oeste dos Estados Unidos. Esta é a principal razão pela qual nenhuma estrada possui mais admiração do que a Rota 66. Ela é um fenômeno unicamente americano que faz com que fãs de todas as partes do mundo sejam atraídos para fazer seu caminho. Por que? Porque a Rota 66 é mais do que simplesmente uma longa faixa de asfalto - é um estado de mente. É uma mistura fascinante de lindos cenários, motéis de beira-de-estrada com suas atraentes luzes em neon, lanchonetes e cafés no estilo "papai e mamãe", lojas de conveniências e souvenirs, incríveis atrações à beira da estrada. Tem tudo a ver com a história americana, nostalgia, aventura e a sensação da estrada aberta. Cruzar os Estados Unidos pela Rota 66 é tudo isso: uma nova experiência, auto-descobrimento, música e a sensação de ser parte de uma história ainda viva. Durante os "bons e velhos tempos", viajar por ela era como fazer uma jornada real ao coração da América: viajantes que paravam para lhe ajudar a trocar um pneu, garçonetes em uniformes rosas que lhe serviam um pedaço extra de torta mesmo quando você já tinha gastado seu último dólar, vendedores viajantes com suas últimas piadas e motoristas de caminhão que ajudavam caroneiros bastante agradecidos - era a era das jukeboxes. Um tempo de lojas de malte, Harley-Davidsons, drive-thrus, Elvis Presley e James Jean, shows de perguntas na TV, máquinas de pinball e Coca-Cola. Um tempo em que a primeira highway a ligar Chicago à Los Angeles fez nascer mais músicas, lojas e lendas da mídia do que qualquer outra rodovia antes e desde sua inauguração, até os dias atuais.

Mas os tempos mudaram e ninguém pode trazê-los de volta... Hoje em dia muito pouca coisa ainda é como nos bons e velhos dias dos anos 50 e 60; praticamente tudo que se encontra pela Rota 66 é voltado ao dinheiro (centenas de lojas de presentes e souvenirs, atrações naturais em que se paga para ver e motéis em neon de beira-de-estrada tão similares uns aos outros que parece que eles pertencem a um mesmo dono - evidentemente, há exceções). Por volta de 1970, praticamente todos os segmentos originais da Rota 66 foram substituídos por modernas auto-estradas de 4 pistas. Os defasados e precariamente mantidos vestígios da U.S. Highway 66 sucumbiram completamente ao sistema de rodovias interestaduais em outubro de 1984, quando o trecho final da estrada original foi substituída pela Interestadual 40 em Williams, Arizona (a I-40 é uma das atuais modernas auto-estradas que oficialmente substituíram a Rota 66 em 1985). Durante a maior parte do tempo, a I-40 trafega paralela à Rota 66 - o que realmente me incomodava. A presença contínua da I-40, lado-a-lado da velha "estrada mãe", cheia de viajantes apressados e lotada de enormes caminhões comerciais tão velozes quanto carros novos, não permitiu que eu me sentisse "perdido", completamente sozinho no meio do deserto, como fizeram as primeiras famílias ao cruzar o estado do Arizona em seus reluzentes e novíssimos carros conversíveis, durante seus dias de férias em uma América inocente e auto-descobridora. Cada vez que olhava pela janela do carro que aluguei para fazer minha viagem (e infelizmente ele não era um velho Cadillac conversível...), a I-40 estava lá (à excessão de em alguns poucos trechos, onde a Rota 66 afastava-se dela através das montanhas ou do campo)...

Fisicamente falando, hoje em dia o pavimento da Rota 66 pode diferir bastante de um lugar para outro. Você está dirigindo em um pavimento de asfalto e, de repente, ele se transforma e concreto puro e até mesmo terra com cascalhos. Em alguns lugares o pavimento original é tão novo quanto quando foi construído nos anos 20; já em outros, sequer pode-se ver a estrada, mas apenas seus velhos ossos (então a estrada tecnicamente torna-se uma "trilha"...). Em alguns trechos a I-40 passa totalmente por cima dela e há locais onde há até mesmo 2 versões da estrada no mesmo lugar! Dê uma olhada nas várias faces da Rota 66.

Entretanto, apesar de todos os veículos maravilhosos e bonitos cenários, eram as pessoas que faziam a Rota 66 ser o que era. De fato, eu pude encontrar algumas dessas pessoas em alguns dos lugares pelos quais passei que ainda fazem valer a pena tal viagem. Chester foi uma delas: era meu último dia no Arizona (estava deixando Kingston para seguir para Las Vegas, no estado de Nevada) quando vi uma pequena loja à beira da avenida com um atraente e luminoso anúncio escrito "NEON" na parede. Como adoro tudo que é feito em neon e estava procurando por alguma luminária feita desse material para decorar meu escritório, parei para averiguar. Para minha surpresa, não tratava-se de uma loja convencional, mas a oficina de Chester Gernon, um dos poucos profissionais de vidro e neon dos USA. Ele me convidou para conhecer seus trabalhos e para vê-lo trabalhando. Bem, eu sempre tive curiosidade sobre como peças em neon eram construídas, então decidi encher um pouco seu saco e passei facilmente cerca de 1 hora e meia apenas apreciando suas habilidades, ouvindo suas histórias e - naturalmente - fazendo muitas perguntas técnicas. Conforme disse para ele, ele é parte de uma equipe de bastidores que ajuda a materializar o cenário norte-americano, da forma como o vemos (especialmente à noite...). Desde então, toda vez que vejo algo em neon lembro-me daquela tarde, do quão difícil (e perigoso!) é lidar com aquilo e como Chester ama o seu trabalho - isso brilhava mais em seus olhos e palavras do que todas as suas peças de neon juntas...

A seguir, algumas fotos de Chester, fazendo aquilo que mais sabe:

ustrip43.jpg ustrip44.jpg ustrip45.jpg ustrip46.gif


... e além

  • Passei minha última semana nos EUA na California, na casa de Patricia Tatagiba Finke, em Huntington Beach (grande Los Angeles). Patricia é minha melhor amiga feminina. Tive bastante sorte pois pude contar com Harmon (seu marido, que estava de férias) para me levar a todos os lugares interessantes da redondeza (tais como Hollywood, Universal Studios, pier de Santa Monica e, como não poderia deixar de ser, inúmeras lojas de computadores e produtos eletrônicos ;->). Espero que um dia eu possa retribuí-lo pelo menos parte da atenção que ele me deu, mostrando-o algumas atrações interessantes do Brasil. Bem, obrigado a ambos por terem me aguentado enquanto eu estava por lá!

  • Este é meu estilo de viagem: sem guias turísticos chatos, excursões monótonas e armadilhas turísticas clássicas. Para aproveitar totalmente sua visita a algum lugar, você deve se desviar do "usual" e realmente tentar viver aquele lugar (ao invés de apenas visitá-lo). Assim, chegue lá e alugue um carro (de forma que você possa ir aonde o transporte público não te levará), converse com as pessoas nas ruas, coma o que eles comem, ouça sua música, assista sua televisão, ouça suas estações de rádio, vá ao supermercado, lave você mesmo suas roupas em uma lavanderia do tipo self-service, compre um produto e devolva-o à loja se não estiver satisfeito etc.: viva seus dias nesse lugar da forma como seus habitantes o fazem. Isso tornará sua viagem uma experiência muito mais valiosa. Se você pode dirigir e ler um mapa, você pode ir a qualquer lugar do mundo (algum conhecimento de inglês e um pouco de curiosidade pela vida também ajudam um pouco...).

  • Deixei os EUA apenas 6 dias antes dos atentados terroristas de 11 de setembro. Ainda tive o privilégio de ter uma linda visão das torres gêmeas do World Trade Center da janela do avião, na noite de minha partida. Embora eu não seja americano, também me senti triste com o que aconteceu: sobretudo, foi um crime contra a humanidade.



    Bem, todo viagem tem seus pontos altos. Considero os da minha:

    New Orleans (Louisiana) - Eu e meu primo Mário passamos a maior parte do tempo no French Quarter e algumas vezes nos sentimos como se estivéssemos em uma pequena cidade européia. Todas as noites são de festa por lá (especialmente na Bourbon Street, onde uma áurea musical sai de cada porta ou é tocada bem no meio da rua). Jazz, cajun, zydeco, blues, rock'n roll, o estilo que for (e tudo isso sob a forma de música ao vivo!). Sem mencionar os bares de strip-tease, belos restaurantes, exóticas lojas de souvenirs e artigos de vodoo, casinos, tours pelo Rio Mississippi (em barcos movidos à roda d'água e bandas de jazz), visitas noturnas aos cemitérios, passeios nos pântanos em aerobarcos, um dia nas plantations, a culinária cajun - Nawlins tem tudo isso e muito mais. Se você planeja visitar esta cidade mágica, reserve pelo menos uma semana inteira para poder aproveitá-la por completo - como seus habitantes falam por lá: "laissez les bon temps roulez" ("revivamos os bons tempos")!

    O French Quarter em New Orleans (Louisiana)

    Oatman (Arizona) - Oatman é uma pequena cidade no estilo velho oeste, escondida no meio do deserto do Arizona (no caminho da Rota 66). Os mais típicos eventos de entretenimento para os turistas que a visitam são assistir ao falso tiroteio entre o sheriff, cowboys e foras-da-lei e alimentar os lentos burros gordos e bon vivants que passam o tempo andando pra lá e pra cá pelas ruas da cidade (os habitantes parecem tratá-los da mesma forma como os indianos tratam suas vacas "sagradas"...). Ir à Oatman é como viajar de volta para o passado (ou imergir em um daqueles filmes de faroeste de fim de noite).

    Grand Canyon (Arizona) - Não é possível transmitir em simples palavras a sensação de encarar aqueles canyons gigantes. Na verdade, não é possível transmitir tal sensação de nenhuma outra forma: você tem que ir lá e vê-lo com seus próprios olhos. Aquela coisa é TÃO GRANDE que toda vez que eu tentava visualmente seguir o chão de onde eu me encontrava a até algum lugar distante, eu sempre perdia a noção de tamanho (em dado ponto você simplesmente já não consegue mais ter certeza se alguma coisa para a qual você está olhando lá embaixo, entre os canyons, tem 10 ou 1000 metros de altura). Se você quiser trocar uma experiência "mais espiritual" com este lugar, não visite-o durante o verão (especialmente a borda sul - ou "South Rim"): todos os pontos de observação ficam cheios de gente e encontrar uma vaga para estacionar transforma-se em uma tarefa desafiadora (e consumidora de tempo).

    Grand Canyon (Arizona)

    Las Vegas (Nevada) - Sem dúvida alguma é uma das cidades mais bonitas do mundo! É claro, Vegas não foi feita para crianças: é a Disneylândia para adultos. Casinos, casinos e mais casinos - a economia e a indústria do entretenimento de Las Vegas giram em torno deles. A cidade tem um tráfego automobilístico pesado à noite e é absurdamente quente - eu peguei 49°C no verão (afinal, o que poderíamos esperar de uma cidade construída no meio de um deserto?)! Ir à torre Stratosphere apenas para ver toda a cidade iluminada do topo é evento obrigatório para qualquer visitante (da mesma forma que é dar uma inocente jogadinha em seu casino favorito... Eu apenas fui lá para recuperar o dinheiro gasto nessa viagem, mas a Srta. Sorte não apareceu para mim naquele fim de semana... ;->). Seus buffets do tipo "all you can eat" ("tudo que você puder comer" [por um preço único]) podem satisfazê-lo por vários dias! Las Vegas é um pecado - é a cidade pecado! Amém.

    Bem, é isso. Foi uma grande viagem (literalmente) e eu a faria toda novamente (se não tivesse gasto quase todas minhas economias nela... :-<). Logo abaixo há algumas fotos aleatórias que tirei durante a viagem (com comentários sob o clique do mouse). Colocarei novas fotos no ar tão logo tenha tempo para scanneá-las (vocês conhecem algum verbo similar em português que substitua esta palavra??).



    ustrip11.jpg ustrip12.jpg ustrip13.jpg ustrip14.jpg
    ustrip15.jpg ustrip16.jpg ustrip17.jpg ustrip18.jpg
    ustrip19.jpg ustrip20.jpg ustrip21.jpg ustrip22.jpg
    ustrip23.jpg ustrip24.jpg ustrip25.jpg ustrip26.jpg
    ustrip27.jpg ustrip28.jpg ustrip29.jpg ustrip30.jpg
    ustrip31.jpg ustrip32.jpg ustrip33.jpg ustrip34.jpg
    ustrip35.jpg ustrip36.jpg ustrip37.jpg ustrip38.jpg
    ustrip39.jpg ustrip40.jpg ustrip41.jpg ustrip42.jpg


  • Orgulhoso de ser brasileiro